quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A nova era do Jornalismo Investigativo

Para muitos jornalistas investigativos, esta categoria do jornalismo está adquirindo novos rumos. Um deles é sem dúvida uma maior dificuldade na apuração, e no convencimento dos diretores de jornalismo das principais mídias impressas mundiais a veicular reportagens com teor investigativo. Há anos era mais fácil conseguir ter acesso às fontes, e a facilidade para se apurar era zero. Ir as favelas, e ter contato, conversa com moradores ou traficantes, como no caso de Silvio Barsetti e Marcelo Moreira, quando foram fazer matéria no Dona Marta, e mudaram o foco da matéria, que se tornou uma entrevista pingue-pongue com Marcinho VP. Hoje em dia alguns profissionais defendem que há vantagens e desvantagens no grande avanço tecnológico para a prática jornalística. A principal vantagem é a pesquisa vantagem estar mais acessível do que qualquer documento no passado. Com a internet é maior a facilidade para ter acesso à informação, mas ao mesmo tempo há obstáculos, pois nem sempre podemos confiar em tudo o que lemos nas páginas web. Mesmo com as UPPs há restrição de moradores a receber jornalistas nas comunidades. Se o jornalista argumentar bem com o diretor do jornal, da revista, é capaz dele conseguir fazer e ter sua matéria publicadas. No entanto, a investigação mais comum hoje em dia, e provavelmente nos próximos anos será publicada na TV, vide que o alcance de leitura é maior. Outro desafio aparece, o espaço para este tipo de matéria fica cada vez mais reduzido, pois muitos jornais estão fechando as portas, e cada região está permanecendo com apenas um veículo impresso por cidade, como já acontece nos Estados Unidos. O comprador ou assinante, procura uma leitura mais fácil e leve devido a correria do dia-a-dia. Por isso reafirmo a tendência do jornalismo investigativo seguir por outros caminhos, mas seus defensores têm de batalhar para não acabar como vários jornais, e desaparecer dos nossos olhos.  

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os desafios da cobertura jornalística na Síria

Klester Cavalcanti, jornalista de revista Isto É, lançou recentemente um livro sobre sua experiência cobrindo a guerra civil na Síria. Sem dúvidas ele foi corajoso, e segundo o que relatou no programa Redação Sportv desta terça-feira, 20 de novembro de 2012, estava preparado para a morte. Para conseguir mostrar o que acontecia no país asiático, Klester foi para Homs, e entrou na região por terra, pela fronteira com o Líbano. No livro o jornalista também mostra que se entrasse pela capital Damasco poderia ter seu trabalho censurado, prática comum dos sírios em relação aos profissionais da imprensa. A editora do livro gravou um vídeo de Klester mostrando a viagem de ônibus até Homs. Após alguns dias relatando o que acontecia na guerra, ele acabou sendo preso e torturado. Ficou praticamente uma semana na cadeia, num país estrangeiro, cujo idioma ele não conhecia, e no meio de uma região vivendo um conflito consolidado. Se isso não bastasse ele ainda foi torturado dentro da cela prisional. Quem quiser saber mais sobre a história deste jornalista que viveu horrores da guerra síria, deve comprar o livro: Dias de Inferno na Síria - relatos de um jornalista brasileiro que foi preso e torturado em plena guerra. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Jornalista tem que respeitar o espaço dos outros

Recentemente o professor de Jornalismo Investigativo, Leonel Aguiar, exibiu em sala de aula um documentário a respeito do trabalho de jornalistas em favelas cujos confrontos entre policiais e bandidos são comuns, sobre crimes cometidos em áreas normais da cidade. Abaixando a máquina mostrou como muitos fotojornalistas de quaisquer jornais conseguem respeitar o espaço das famílias das vítimas de balas perdidas e de crimes planejados e executados friamente. Como o manual de um bom jornalista revela, é necessário dar a notícia aos seus leitores, telespectadores e/ou ouvintes. Mas nunca podemos desrespeitar a dor de quem perde um filho, uma mãe, um irmão. Isso vale também para o fotógrafo que vai a um velório, e ao presenciar um pai ou mãe chorando, decide por não tirar a foto, abaixando a máquina consequentemente. Apesar deste lado humano do jornalista, há também o desejo pela notícia, e mesmo presenciando a dor das famílias de alguém morto por um tiro, tira uma foto, ou tenta entrevista alguém. Ainda deve se encontrar um equilíbrio entre exercer a profissão e respeitar um momento sofrido como este, que poucos conseguem demonstrar. 

Investigando Elisa Samúdio

Começou hoje em Contagem, Minas Gerais, o segundo julgamento mais aguardado do ano. O primeiro foi o do Mensalão. Bruno, ex-goleiro de Atlético Mineiro e Flamengo, seu amigo Macarrão, sua ex-namorada, um policial amigo e a amante do atleta, começaram a ser julgados no fórum da cidade mineira pelo assassinato de Elisa Samúdio, ex-noiva do jogador. O caso choca porque o principal envolvido é um atleta, ídolo de vários jovens, que exemplo será que as crianças que o idolatrava estão agora? O primeiro passo, é que seus pais as ensine a não seguir os passos do jogador, e que nada se resolve com um assassinato. Entre os crimes pelos quais Bruno é acusado, estão os de cárcere privado, ocultação de cadáver e homicídio triplamente qualificado. A defesa dele alega: "como não há corpo, não existe qualquer crime. Segundo uma matéria de agora há pouco no Jornal Nacional, outros réus em outros julgamentos foram condenados pelos jurados, juízes e promotor, pois mesmo sem o corpo, havia provas suficientes para comprovar a existência de um assassinato. O Brasil e a família de Elisa desejam justiça, e, se possível que a polícia encontre o corpo dela. Depois de meses, semanas com as atenções do país voltadas para Brasília, os olhos dos brasileiros estão voltados para Contagem, pelo menos por alguns dias. 


terça-feira, 13 de novembro de 2012

A onda de violência em São Paulo

Acabei de assistir uma aula de jornalismo investigativo. Caco Barcellos e sua equipe mostraram no Profissão Repórter o que estaria por trás da onde de assassinatos na maior cidade brasileira. Além disso, investigou quais foram as vítimas, mostrando as profissões. Ao longo do programa, da reportagem, Paula Akemi, Fernando David e os outros repórteres tiveram cuidado em não invadir o espaço da família dos mortos, respeitando os que não queriam comentar os crimes. E os policiais também quiseram preservar o anonimato para, como os poucos que disseram algo a respeito, não sofrer represálias. Tudo começou a partir do início do embate entre bandidos e polícia no primeiro semestre de 2012. Quando seis criminosos foram mortos e torturados por policiais da Rota,  grupo especializado da Polícia Civil, começaram a surgir ordem dos presos para a execução de vários policias militares e civis. A estrutura do programa também foi bem montada, começando primeiro pela amostragem de algumas vítimas, e os dias em que eles foram alvo dos bandidos, muitas vezes agindo encapuzados. E citaram o número de mortos em cada um dos dias citados. No último bloco mostraram os mandantes dos crimes. A matéria foi bem editada, produzida, com emoção passada por todos os envolvidos que apareceram na nossa televisão. As investigações estão em curso ainda, mas neste caso, só as policiais mesmo, pois a jornalística foi precisa, e cirúrgica. Parabéns aos repórteres!

http://g1.globo.com/profissao-reporter/videos/t/programas/v/equipe-mostra-as-vitimas-da-guerra-entre-a-policia-e-o-crime-organizado-parte2/2240243/

domingo, 4 de novembro de 2012

Um homem maior que a profissão


Na última terça-feira, dia 30 de outubro, o jornalista e documentarista, Bruno Quintella, filho do falecido jornalista da Tv Globo, Tim Lopes, foi à Puc-Rio para divulgar o documentário que narra a trajetória de vida profissional de seu pai. O nome Histórias de arcanjo - um documentário sobre Tim Lopes não abordará nada sobre a morte do jornalista. É inegável o legado que Tim deixou os jornalistas que depois dele quiseram denunciar os problemas nas favelas, e realizaram matérias sobre as operações policiais. E como discutido, e colocado por um aluno da aula de Jornalismo Investigativo, e por Bruno, ele foi um dos percusores da UPP nas favelas cariocas. Após dez anos do triste acontecimento o filho ainda demonstrou ficar emocionado quando falava sobre o falecimento do pai e comunicador da imprensa brasileira. Muita gente, assim como Bruno, define o fato como antes e depois de Tim Lopes. O cuidado, e os riscos foram vistos com olhos mais abertos pelos chefes de reportagem apesar da morte do cinegrafista da Band em 2011. Gelson Domingues adorava a adrenalina da cobertura policial, de ir ao front, como muitos profissionais falam, e em Antares, ele morreu após a bala bater numa árvore e atingí-lo. A segurança dos repórteres cinematográficos começou a ser prioridade das redações após a fatalidade. Foram alguns casos isolados, mas ele abriu portas para novos jornalistas continuarem seus trabalhos, no entanto, não há mais nenhum Gelson, Tim entre os profissionais atuais. Esperamos que, com o devido cuidado e precaução surjam novos Tins, Gelsons, para que a realidade das cidades brasileiras, das favelas mude por completo. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Dica Investigativa

Um assunto muito debatido ultimamente pelos jornalistas esportivos é sobre a violência no futebol. Muitos torcedores brigam com torcida de times rivais sem motivos, e alguns acabam morrendo. Só este ano um vascaíno e um palmeirense morreram após torcedores flamenguistas e corinthianos brigarem, respectivamente, com vascaínos e palmeirenses. Muitos alegam que é cultura do povo brasileiro, mas que cultura é essa que vitimiza vários inocentes que nada tem haver com estes conflitos? No Rio de Janeiro com o intuito de coibir a violência no futebol foi criado um núcleo especializado em operações contra crimes envolvendo torcidas organizadas. Nos últimos dois meses algumas torcidas organizadas foram proibidas de frequentar estádios por muito tempo, e vários torcedores foram presos. Para estudar, e explicar para os leigos sobre a violência no futebol, o antropólogo Marcelo Murad escreveu um livro da coleção Para Entender, e o livro recebeu o título de: "Para entender a Violência no Futebol".  Seja uma cultura brasileira, ou não, a verdade é que este é um problema sério que deve ser combatido. Estamos próximos do fim do Brasileirão, e na última rodada vários clássicos podem propiciar novos lamentáveis episódios, por isso a polícia já tem que se preparar para um forte esquema de segurança nesta e na penúltima rodada, que tem um clássico paulista e carioca também. Precisamos evitar que mais pessoas sejam vítimas de bandidos, que ao invés de louvar a imagem do seu time, mas mancha o escudo da equipe pela qual eles torcem.